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COMENTÁRIOS CRISTÃOS



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A CRIAÇÃO ETERNA NO DEUS TRIÚNO

24-03-2013 09:09
  1. O QUE É A CRIAÇÃO?

É o acto único (só Deus é que o faz) e eterno do Deus Triúno, em que perante o nada (inexistência, ou caos, ou pecado), ou do que já existe (já feito pela Divindade), o Divino conjuga a sua glória eterna e infinita, criando constantemente com a liberdade, felicidade e paz providenciada por Ele, a sua semelhança e imagem (o ser humano), em conjugação com o seu Universo. A sequência sem fim da criação do universo não é uma mudança do Deus Triúno, mas é a constituição e transformação da liberdade de Cristo, que se interioriza e exterioriza no homem e, que é formada dinamicamente entre o seu quê do nada, em conjunto com a porção da semelhança, que se vai aproximando da imagem da Divindade (percepção espiritual da plenitude absoluta de Deus).

Contemplar a criação, é acima de tudo, ver o que Deus fez em Cristo à liberdade do homem. Isto significa, que está em causa o que se aceitou pela fé e pela palavra, aumentando cada vez mais a liberdade da semelhança de Deus, em vez, da liberdade do nada. Não chega e, é limitador, definir somente a criação como algo estático, ou evolutivo, ou até comparativo, quando a criação de Deus, é uma continuidade única, que é contemplada e vivida somente em Cristo, de todo o ser de Deus, para, com, pela e, na criatura humana com o universo a acompanha-lo. Em resumo, a criação é a liberdade de Deus em movimento e concretização no homem. Esta parte é uma das quatro que constituem a relação Deus / homem e, que foi expressa na lei dos dez mandamentos e, exemplificada constantemente na vida por Cristo. As outras três têm a ver com a unicidade da adoração a Deus, a forma de culto e representação da Divindade e, a relação através da palavra. O que está em causa, não é somente o que Deus faz, mas o que o homem escolhe e decide, sobre a criação de Deus em relação à sua interiorização, testemunho e semelhança. Ou seja, a própria liberdade, só consegue respirar e crescer, com a criação. Não há liberdade, sem haver criação de Deus em Cristo. Engana-se quem fala em liberdade, sem haver criações que libertem o ser humano a todos os níveis do nada da inexistência, que o transformem à semelhança de Deus, revelado em Cristo. Cada um escolhe, a partir de várias partes eternas e infinitas de Deus, a existência que quer ter e, a que quer dar. Isto significa, que a criatura, também se torna criadora e vice-versa, tal como aconteceu em Cristo.

  1. O NOVO COMEÇO E AS SUAS CAUSAS: FONTES E AUTORES

Todas as religiões e filosofias pregam destruições e, começos novos para a humanidade, sem no entanto se discernir quem é a fonte, ou as suas causas. No entanto, Cristo prega e cria o novo homem em Deus para a humanidade. Assim, a grande e única diferença, está na progressão da presença de Cristo, que cada vez mais aproxima o ser humano à eternidade do Divino. Questionar a criação, significa acima de tudo escolher soluções, ou actos que sejam eternos, ou contínuos nas liberdades, que dão em relação à semelhança eterna de Deus. Ou seja, a criação, na sua progressão torna cada vez mais o ser humano preparado para encarar, na sua própria existência, a Deus pessoalmente, socialmente e pessoalmente. Não é por acaso, que essa criação única, foi a que trouxe a Cristo para sua encarnação e, será por ela que Cristo em glória virá também em humanidade, para continuar a viver eternamente com o ser humano.

As criações de Deus, não são para separar o ser humano de Deus, mas para contempla-lo e acompanha-lo na sua eternidade infinita, assemelhando-o à Divindade. É erróneo, olhar a criação, ou qualquer outro começo, somente como a melhoria da situação estrutural, ou ambiental. O novo começo não é o céu, é acima de tudo a aproximação cada vez maior de Deus para com o ser humano. Em suma a Nova Terra, só existirá (ou existe na eternidade de Deus) porque Cristo está presente e, a sua plenitude traz consigo toda a alteração do ambiente à sua volta, no sentido da perfeição.

A criação será também, não só a liberdade da semelhança para com Deus, que faz existir o ser humano, mas também o nome, ou as palavras, ou a presença do ser de Deus, em contínua aproximação. A aceitação de si próprio, como ser autónomo, só o faz como criatura e criador junto a Cristo. Isto só se dá, porque reconhece a continuidade constante do autor (Cristo) com quem vem do nada e, em que faz existir a sua liberdade de o escolher nas suas acções (criador / criatura) e, ao mesmo tempo nas escolhas do seu próprio ser (criador / criador). Portanto, ao haver continuamente criação, o ser humano tem um momentum em que pode rejeitar a continuidade deste processo. Ou seja, a questão principal, está em aceitar essa continuidade constante (liberdade), ou regressar ao nada. A aceitação para com Cristo, é uma constante perante o nada e a sua criação incessante, para depois passar a ser um, perante as escolhas da eternidade. Só assim é que existe o reconhecimento do ser de Deus e do ser humano, sem se chocarem um com o outro. Engana-se, quem julga que na eternidade, as escolhas são facilidades. A grande vantagem é que não existe, o espectro da morte, do sofrimento e, da destruição a toldar e, a atrair para a destruição do ser da liberdade de Cristo. Olhar para Cristo, não é a subjugação, mas acima de tudo é o desafio do novo, sem destruir o passado, ou aprofundando-o.

  1. A VIDA, VERDADE E AMOR EM CONSTANTE CRIAÇÃO ETERNA NA FÉ DE CRISTO, PERANTE O VAZIO

Jó em 19:26 refere que “Depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus”. Jó evidencia que a criação, é um processo de relacionamento com as iniciativas constantes da Divindade, em que o ser humano, vence o seu quê do vazio, escolhendo cada vez mais a verdade, o amor e a vida de Cristo e, aceitando-o pela fé no seu interior e exterior. A criação é a transformação do nada, ou pecado do ser humano, mas a pertinência está em saber, como é que o ser humano, lida com o facto de inexistência antes da sua criação e, durante a sua morte. Como é que o crente, se relaciona na criação (ressurreição) com Deus, sabendo que pode voltar à sua inexistência? O que garante, durante a sua morte, que vai voltar da inexistência desse sono, como foi definido por Jesus na morte e ressurreição de Lázaro? Isso é aceitável pela fé? Claro que sim, porque o próprio Cristo inexistiu, confiando no amor e verdade de Deus, para voltar à sua ressurreição e, vida eterna. Isto significa, que Jó quando faz a declaração de criação no livro de Jó 19:26, está a simplesmente a aceitar a criação em si, através do próprio Cristo, revelada essencialmente na ressurreição, após a sua inexistência na morte. A criação não é um facto, mas é o ser de Deus, revelada e garantida nas suas glórias, que possibilitam a vida, amor e verdade ultrapassar a inexistência e, que pode ser vivida por Cristo no ser humano. Assim, a escolha da fé de Cristo no homem, não desaparece mas torna-se em Jesus a garantia da liberdade da criação eterna. Ou seja, a criação é a existência provinda da eternidade de Deus, que se concretiza, por se aceitar a fé de Cristo, que ultrapassa o vazio, ou a morte, ou o pecado. Isto é, a criação só funciona, se o seu autor for aceite como vencedor, que concretiza a sua existência no vazio do humano. A liberdade de escolha perante a presença de Cristo, associa-se à fé, que ultrapassa o vazio, o pecado, ou a inexistência. O ser humano pela criação é o nada, que pela liberdade e iniciativa de Deus, pode escolher continuar a ser mais semelhante a Cristo. Ou seja, a criação é a escolha, mas também a aceitação de alguém que já passou pela mesma situação e, que ultrapassou e, que existe para viver em conjugação com o indivíduo. A criação, é a garantia com base no “déja vu” de Cristo, ou o seu espírito de profecia, que tenta chegar à eternidade. Só desta forma a criação se concretiza na liberdade providenciada, em que o ser humano passa do seu “quê de nada” e, se direcciona para o “eu sou o que sou”.

  1. DEVERES E DIREITOS DO SER HUMANO NA CRIAÇÃO PARA A UNIÃO E PAZ NO UNIVERSO COM DEUS

Quando foi criado, ao ser humano Deus deu-lhe direitos e deveres em relação ao ambiente que o rodeava, assente em princípios de temperança e mordomia, que levavam a constantes criações de perfeição, universalidade e felicidade. Isto significa que esses direitos e deveres, assentavam nas dádivas de quem pode para o outro ser semelhante a si e, que ao mesmo tempo procura a união do ser com o outro. Tudo isso foi perdido e, o ser humano tornou-se refém de seres que fizeram da rejeição para com Deus, o seu modus vivendis, até à sua destruição total, em conjunto com os que aceitassem também este tipo de escolha contra Deus.

O ser humano ao rejeitar a Deus, excluiu todo o equilíbrio de direitos e deveres para com a Terra, para com a vida em conjunto e, em relação ao Universo. A criação para com o homem, não é somente o viver individual considerando-se como um deus, ou como mais uma peça substituível numa comunidade indiferenciada. A criação não é também a evolução por uma destruição soft que encabeça uma sobrevivência em direcção a um abismo a curto prazo, mas é o viver em liberdade, no conjunto com todos em harmonia, no Universo de Deus. Para que tal aconteça, o individual deve estar em paz com todos e, isso foi conseguido pela criação em Cristo. O ser humano, é representado neste momento de criação, pelo próprio Cristo. Este progride, em direcção ao aperfeiçoamento e à universalidade do ser humano. Os poderes dispensados por Deus, para o ser humano exercer, vão no sentido da total participação e, diferenciação, no conjunto global do corpo universal de Deus. A criação surge assim, como a formação da união entre seres diferentes e, ao mesmo tempo iguais perante Deus. Não se considera na criação somente a liberdade, perante a aproximação de Cristo, que permite o pulo sobre o vazio, mas também diz respeito à sua relação global, no caminho de abranger a Deus, nos contínuos e novos relacionamentos de união com todos e, com tudo. A criação não é um isolamento, mas é a formação de associações, que continuamente procuram expressar o ser de Deus na participação das diferenças e, ao mesmo tempo na conjugação dos mesmos. Torna-se importante ver no outro a criação de Deus e, ao mesmo tempo incentivar essa criação nos outros. Nasce desta forma a diversidade e harmonia entre todos. Engana-se quem julga que na paz e harmonia não há constante desafio e diversidade, que torna o tudo e todos por um só e vice-versa.

  1. A MESMA CRIAÇÃO OU MELHOR CRIAÇÃO? PARA ONDE PROGRIDE A CRIAÇÃO?

As novas criações, não são remakes das anteriores criações. As futuras criações, estão sempre a um nível superior das antigas criações, sem as contrariar nas suas inovações e, são progressões que acompanham as transformações criadas por Cristo no ser humano, no seu ambiente e, no universo. A nova criação, decerto que tem muitas semelhanças com a primeira, tão conhecida no que resta de bom no actual nundo, mas como refere também Paulo, o que olho não viu e, o que ainda não foi contemplado, está para vir por Cristo. Ao contrário, que é defendido por muitos cristãos, o melhor testemunho do criacionista, é a preservação e melhoria do mundo actual, porque em Cristo já se têm o vislumbre desse mundo melhor.

Questionando também, pela interiorização e exemplo, o cristão também não aceita que o modelo de criação encetado por Deus seja para se rejeitar, por ser um entrave a progressões nos relacionamentos com o Universo. O problema não é o físico, pois a questão tem a ver com o relacionamento para com Deus, que deu ao ser humano a sua constituição e funcionamento básico e, que deverá permanecer ligado eternamente à Terra, sem que isso impeça a partir da sua estrutura atómica e em ligação com outras dimensões, os contactos e futuras criações, com as diversidades universais e com o próprio Deus. Por alguma razão, Paulo refere que o corpo de Cristo é glorioso, sem as limitações do pecado e, preparado para dar em liberdade ao homem da fé, essa mesma capacidade criativa de poder ser transformado à semelhança do Divino. A acompanhar esse corpo glorioso, está também a Nova Terra gloriosa. Esta nunca será uma ilha no Universo, mas um ponto de encontro com Deus e, com outros mundos, em que se testemunhará da sua experiência com a Divindade no passado, presente e eternidade. A criação, assim torna-se uma liberdade com Cristo, para além do vazio, nas múltiplas diversidades, que possibilitam o testemunho com a humanidade a ser ela própria a escolher viver novos acontecimentos, em que o humano se torna cada vez mais semelhante ao divino, conforme a humanidade e divindade do Filho de Deus. É a fase da universalização da criação humana e divina, ultrapassando a própria Terra. O finito aproxima-se em Cristo na infinitude e, ao mesmo tempo a infinitude aproxima-se na finitude.

  1. A CRIAÇÃO ETERNA E A RELAÇÃO FACE A FACE COM DEUS

A questão principal e, de grande interesse para o ser humano, pode ser resumida numa só perguntinha: como alcançar a eternidade? Embora posta de uma maneira um pouco cultural do ocidente, que a diferencia da pergunta do jovem rico (“o que farei para herdar a vida eterna”), nela está a essência de uma liberdade, que se quer inconformista, contínua, incessante e progressiva.

A resposta é só a que Cristo dá: aceitar e testemunhar na criação incessante e crescente de Deus, deixando o que impede esta relação criativa. O Deus criador toma sempre a iniciativa, em dar ao homem o que ele precisa, não para vencer somente o mal, mas principalmente para se aproximar e assemelhar-se e acompanhar os ritmos criadores e absolutos de Deus Pai, em Cristo, no Espírito, no próximo e no Universo que o rodeia. Engana-se quem julga, que a eternidade é um misticismo de contemplação, de uma luz constantemente inacessível em constante êxtase, sem se mexer com o que quer que seja. A paz de Deus na eternidade é uma constante actividade com tudo e todos, no encalce pela liberdade, das criações constantes de Deus, veiculadas presencialmente por Jesus Cristo, na sua glória e, internamente vividas pelo ser humano no Espírito Santo. Não será que este tipo de relacionamento, se poderá já experimentar agora? Com certeza que sim e, ainda para mais, quando o próprio Cristo promete de imediato a vida eterna a quem crêr e for baptizado. Mas qual é o segredo desta criação progressiva, que sai de Deus e, que pode ser aceite pelo crente? Com Deus não há segredos. Só os há, se o ser humano o rejeita e, não tem o mínimo interesse pela sua palavra.

Seria muito estranho, que o ser humano fosse apanhado num corrupio criacionista, em que de repente se visse envolvido numa criação, ou num relacionamento, que por mais perfeito que fosse, não tinha nada a ver com ele, ou que nem sequer tivesse ouvido falar, ou visto, ou sentido, ou pensado. A criação, não começa amanhã, existe desde a eternidade em Deus. Toda e, qualquer actividade de Deus é criação e, principalmente quando envolve algo que não existia, ou que não se conhecia. Isto significa, que a criação é constante mesmo no mundo com pecado e, a maior prova é a do próprio Cristo no seu testemunho como escolhido (daí o nome de “o Cristo”). Então, a criação não é um acontecimento distante, mas é uma constante, que vai progredindo cada vez mais rapidamente, em que as actividades de Cristo de aproximação para com o ser humano, dão o mote de entrada para níveis cada vez mais intensos e perfeitos. Isso só é alcançável, pela sua palavra profética, em que se abrange e se escolhe perante conflitos, o querer e, o carácter na eternidade de Deus, para se concretizar na realidade. Em suma a vida eterna está ao alcance da liberdade de todos, nas palavras, vida, morte, ressurreição e intercessão de Cristo aplicada no seu testemunho profético, em que o ser humano progride com o seu salvador em direcção à vida eterna. Torna-se patente, e que a eternidade infinita, não é somente um estado (que seria tragado pela mudança), mas acima de tudo, é o constante exercício da liberdade da vida humana com Cristo, para com a incessante criação de Deus. Ou seja, a criação é a única forma de Deus estar no Universo com as suas criaturas, que aceitam em liberdade pela fé progredir na relação como ser da Divindade Triúna, para além do sentido do vazio, conjugando-se em união com o global do Universo, associando-se em contínuas transformações divinas e humanas de Cristo e, ultrapassando a barreira do tempo e do espaço quando necessário. O limitado torna-se ilimitado, mas não deixa de ser o que é e, quem é na sua própria criação em Cristo. Ou seja, a criação não se ultrapassa a si mesmo, mas resulta do maior conhecimento de Deus facultado ao homem em Cristo. No entanto ao contrário, do que aconteceu na primeira criação, o importante não é o conhecimento de Deus (que pode ser distorcido), mas o conhecimento com Deus que traz nova vida e, que só é possível com o amor de Deus revelado nos infinitos e eternos actos de Jesus Cristo. Isto significa que a criação é acima de tudo uma relação de amor de Deus para consigo próprio e para todo o universo. É também essa a glória de Deus em Cristo, que se reflecte do quarto mandamento, no ser humano e universo.