- A IMPUNIDADE DA INJUSTIÇA OU NOVAS OPORTUNIDADES
David nos Salmos incomodava-se e, orava em súplicas profundas para com Deus, perante a aparente prosperidade dos ímpios e, o descalabro dos justos. Aliás, essa é uma das razões, com que o espiritismo actualmente se justifica, para adorar em primeiro ao Diabo e, não a Deus. Não se rejeita a Divindade, só que se evidencia a superioridade e, a rapidez dos resultados obtidos nesta vida. Será que é mesmo assim, ou isso não é mais do que uma ilusão, estruturada sobre uma mentira? E o que dizer do futuro? Será que o ser humano, quando acredita e segue a Deus, traça o seu destino em crescente miséria e sofrimento? Em Amos e Obadias, descreve-se a razão dessa aparente superioridade ao não seguir a Deus, quais são as consequências funestas e, ao mesmo tempo como é que a Divindade resolve esse tipo de problema. Os resultados da aparente paz, são obtidos com a crueldade e destruição para com os seres humanos, a partir dos seus próprios compatriotas, amigos, irmãos, pais e filhos, criando-se ao mesmo tempo o fosso abissal não somente de diferenciações e conflitos de classes, mas principalmente de injustiças nas nações e, no mundo. Como é que o crente vai lidar com estas situações?
Em Amos e Obadias, o discurso profético centra-se essencialmente no que as nações fazem em geral de mal e, que perante Deus é considerado abominável. Tal como o Leão descrito em Obadias 3:8, o rugido de Deus ecoava na profecia. Mantém-se o repto de Deus para todos em fazerem parte da sua justiça contínua (transformação com base no amor, vida e verdade da Divindade revelado em Cristo), ou acabarem a sua relação no juízo, em que se escolhe a separação definitiva para com o criador, pela destruição e morte. Essa justiça e juízo, têm como ponto fundamental os encontros contínuos com Deus, que significam as visibilidades gloriosas de Cristo, para com o ser humano e universo.
- A JUSTIÇA E JUÍZO PARA COM AS NAÇÕES: AMÓS 1 E 2
A Guerra é uma actividade destrutiva, em que Deus, embora não concordando com tal tipo de actividade, em que a morte é a moeda de troca comum, impõe os mínimos princípios de exercício de tal actividade. Dois dos principais princípios, que são os da compaixão e o da lealdade, tinham sido amplamente quebrados pela Assíria. Deus denunciou tais comportamentos por Amos e, profetizou as suas consequências. Mas Deus chama a atenção não somente da Assíria, mas também de Edom, Moab, Judá (por terem quebrado a lei) e Israel (perversão da justiça, sodomização e idolatria conforme 2:7-9).
Quando se desce ao terreno em que acontece o conflito, as relações humanas face a face, deixam de ser números a destruir, para se converterem em lealdades para se sobreviverem. As armas não disparam por si, nem decepam cegamente, mas quando tal acontece, ao se perderem esses vínculos de compromisso, então é porque a hora de Deus agir directamente chegou. Até lá Deus age com o que há de mínimo das relações humanas, que permitam o desenvolvimento e transformação do ser humano, no sentido da inimizade para a amizade. Veja-se o exemplo do centurião que reconheceu a Jesus como Salvador do seu servo e, da sua casa. Cristo reconheceu que aquele homem de duras guerras, revelara a fé que nem em Israel encontrara. Deus não vai ao encontro dos seres humanos para serem bipolares entre Mamon e a Divindade, mas para serem transformados à imagem e semelhança do ser divino e humano de Cristo. Os povos ao serem chamados à atenção pelos profetas, davam mais atenção a estes, do que aos sacerdotes e, ao próprio povo de Israel, que testemunhava de forma errónea. Deus segue o juízo conforme o conhecimento que cada povo tem em relação às suas acções e, os actos que daí provieram. No sacrifício de Cristo, Deus orienta o ser humano, para que o amor vença também a inimizade.
É importante ver, que desde cedo, mesmo com a má vontade do seu povo, Deus conhecia a todos e, nunca ignorou a quem quer que fosse para ser salvo. Embora tivesse partilhado a missão com Israel, de espalhar a salvação em Cristo, no entanto bastava somente um homem ou mulher, para mostrar a todos onde é que estava a verdade, o amor e, a vida, mesmo no meio de situação de guerra. A mensagem de repreensão para com os outros povos era acima de tudo uma censura a Israel, que falhara na sua missão e, mais uma vez Deus na sua misericórdia, vinha mostrando a quem quer que seja, a sua misericórdia e, como se deve responder positivamente ao seu chamado. Engana-se e mente quem quer mostrar que a Guerra é um lugar impróprio para Deus estar. Deus está nos lugares que menos se imagina e, está menos nos que mais se imagina. A guerra estava a ser posta em causa nos seus valores, até por um homem que vinha lá de trás dos montes, de lugares inóspitos, em que a sua profissão era apanhar fruta e tomar conta e animais, de nome Amos (nome que em hebraico significa "levar", ou “carregar” e que parece ser uma forma abreviada da expressão Amosiá, que significa Deus levou). Na verdade Oséias, para além de trabalhador temporário, fora designado para ser profeta, em que a verdade ocupa lugar preponderante na revelação de Deus e, teve de desempenhar também o lugar de intercessor, ou de sacerdote, substituindo os sacerdotes daquela terra e, agindo com amor em prol do seu povo. Também é trágico e irónico, que homens de elite guerreira, preparados com o mais sofisticado na época, não soubessem destrinçar na profissão mais perigosa e bem preparada dos adultos (que é a violência política ao último grau, a que se dá o nome de guerra), o que um homem na sua simplicidade e rudeza ambiental, conhecia em termos de lealdade e compaixão para com os seus semelhantes. Tiro estava a ser condenada, por ter vendido escravos judeus, aos edomitas seus irmãos e inimigos (descendentes de Esaú). O que estava a menos e, a mais? Menos de Divindade e mais de humanidade. Só por Cristo se conseguiria transformar em justiça, as vergonhosas situações de crueldade e destruição.
Israel estava a tornar-se campeão em negligência e injustiça e, Deus estava no sentido de não dar os privilégios que dera a este povo e, de os distribuir por outros, que ansiavam pelo conhecimento do criador vivo. Neste aviso solene de Deus ao povo da Assíria e, ao próprio povo de Israel e de Judá, Deus definiu, que podiam ter em si, ou um aliado, ou um inimigo. Ao aceitar o que a Assíria e, outras nações, ou povos "aliados" faziam, sem pestanejar, mostrava insensatez em dois sentidos. Em primeiro porque se escolhia estar contra Deus. Em segundo porque, tarde ou cedo a Assíria, ou os outros povos, fariam o mesmo a Israel, mesmo que estes fossem considerados aliados e bons vizinhos. A segurança não estava nem nos compromissos e, nem muito menos nas alianças com os vizinhos, mas simplesmente em estar ao lado de Deus e, saber diferenciar o mal do bem e, agir com a Providencia ao seu lado. Em suma, Amós no capítulo 1 aponta os juízos para com as nações vizinhas e, no capítulo 2 faz um discurso de repreensão a Israel e Judá. As diferenças que são definidas por Deus baseiam-se naquilo que o ser humano escolhe entre a justiça e o juízo. Ou prefere-se o juízo em que se executa o que se escolhe, incluindo a morte, ou então prefere-se a justiça, em que é a transformação da vida pelo amor, a partir da verdade, que é eterna e infinita.
- O TESTEMUNHO: A JUSTIÇA DE DESCOBRIR DEUS NO OUTRO
A justiça e juízo de Deus, em que consiste? O que tem a ver com a injustiça social? O que acontecera com Israel? Qual era a situação?
Israel como sociedade e nação, fora abençoada com dádivas económicas e políticas. No entanto desenvolvera cada vez mais o desapego para com Deus, entrando em decadência espiritual, o que originou cada vez mais casos de injustiças sociais e de corrupção. Isto significou, que os ricos e poderosos, não somente exploravam os mais fracos e pobres, como os oprimiam com as suas decisões, que eram levadas avante, sem o mínimo de defesa para com as restantes classes, mesmo em tribunais. Esta situação era uma vergonha para o carácter de Deus. Os mais frágeis da sociedade como os órfãos e viúvas, eram os que mais sofriam, perante as demonstrações de lucro, riqueza e de consumismo, como casas, móveis, alimentos, bebidas e até loções dispendiosas para o corpo.
Em Amós 6:4-14 é visível o desagrado de Deus para com a vida de opulência. Cada vez mais, a separação para com Deus se tornava visível. Substituía-se a presença e os encontros de Deus, pelo material que se tornava cada vez mais efémero. Esses encontros de Deus, consistiam no essencial, em partilhar com o próximo sobre as verdades e o amor de Cristo, mas o povo de Deus rejeitava.
- OS PRIVILÉGIOS E AS OBRIGAÇÕES, OU VIVER COM DEUS
O que se punha em questão, tinha a ver com o que Deus esperava como resposta, para haver continuidade e progressão no relacionamento entre Israel, a Divindade e, as outras nações. Nos capítulos 3, 4 e 5 de Amós, é feito um chamado com base no amor e verdade de Deus, para que Israel se arrependa, individualmente e colectivamente. No capítulo 3, Deus lembra o seu povo sobre o cuidado que sempre teve com o seu povo e, ao mesmo tempo com as responsabilidades pedidas, principalmente através da acção dos profetas (ver Amos 3:7, em que Deus revela sempre os seus segredos aos profetas). No capítulo 4, é chamado o nome de vacas de Basã (considerando os costumes consumistas puramente egoístas, de pedirem sem darem nada em troca) e, ao mesmo tempo é descrito algumas das acções de juízo de Deus para com o seu povo, como demonstração dos encontros do Deus criador e dos exércitos, para com a descrença (Amós 4:12-13). No capítulo 5:4 e 14, Deus suplica para que o povo o busque, como fonte do bem e, da vida. Não valia nada as ofertas e o tipo de adoração para com Deus, sem o mínimo de transformação, que se obtém pela aceitação da fé de Deus (ver Amós 5:21 e 22).
- ENCONTRO DE DEUS COM ISRAEL: OS PARADOXOS DO HOMEM
Os encontros de Deus com quem quer que seja, têm sempre como objectivo primordial, de executar de forma mais intensa o que se optou anteriormente para com os relacionamentos da divindade.
São dadas 5 visões nos capítulos 7 a 9, sobre o que significa os encontros entre o ser humano e Deus e, que são:
- Os gafanhotos, em 7:1-3, mostrando que ao aceitar da parte do Rei toda a situação iníqua, se aceitava também as consequências da destruição. Deus alteraria este sentido, devido à sua intercessão revelada no profeta;
- O fogo, em 7:4-5, em que seria alterado o sentido;
- O prumo, em 7:7-9, revelando o constante juízo sem misericórdia;
- O cesto de frutos de Verão, em 8:1-3, revelando a falta de conhecimento de Deus através da palavra;
- O Santuário derrubado, em 9:1-10, significando a substituição desta simbologia espiritual pela vida intercessora de Cristo no verdadeiro Santuário de Deus, que é o seu trono, após a ascensão do Messias e, a escolha da Igreja no lugar do povo Judeu, após a rejeição para com o filho de Deus e, a morte de mártir de Estevão.
Estas visões sofreram paragens descritas em 7:10-13, devido a intimidações contra o profeta. Esta interrupções efectuadas pelo sacerdote de Betel (que veria a destruição da sua família, com a da Israel por seguir falsos conselhos difundidos por si e pelo Rei), continuariam, até ao final em 9:9-15, em que Deus prediz a dispersão e restauração do seu povo. Esta dispersão e destruição (verso 2-3 e 9-10 do capítulo 9), confronta-se aparentemente com a restauração condicional do verso 11 a 14 e, eterna do verso 15. Havia condições de restauração, para que fossem passageiras, ou mesmo eternas. O povo escolheria o que desejava para a sua vida. Em tudo e, para todos, o amor e a verdade de Deus, revelados no Santuário e, mais tarde em Cristo, dispunham-se em bênçãos, para serem, ou não aceites pelas e, entre pessoas.
- SÍNTESE E CONCLUSÕES DO LIVRO DE AMÓS
Amós inicia o livro (no capítulo 1 e 2), descrevendo profeticamente o juízo dos vários povos da região, incluindo Israel e Judá. A seguir, do capítulo 3 a 6, é descrito a história resumida de Israel em termos de dádivas provindas de Deus (capítulo 3) principalmente em revelações da Divindade, seguindo-se o que o povo de Israel não fizera. No capítulo 4, é descrito o que não se aceitara e, o que não se vivera pela fé, nos encontros de Deus no quotidiano e, principalmente no futuro da primeira e segunda vinda de Jesus Cristo. O povo não se preparava para os encontros de Deus, não vivendo com Cristo naqueles que aconteciam diariamente pelo Espírito Santo. O capítulo 5 já evidencia algumas consequências e chamados de Deus, que eram rejeitados constantemente. No entanto, o capítulo 5 descreve o grande problema, que para Deus é institucionalizar e cristalizar as adorações, através da formatação e conformação do espiritual em religião idolátra e, do poder instituído. A partir daí, o povo torna-se corrupto, cruel e, injusto, como é descrito no capitulo 6, aceitando o juízo das consequências da rejeição escolhida para com Deus conforme descrito nos capítulos 7 a 9. No final do capítulo 9, Deus deixa uma esperança para com o povo, com base na sua misericórdia, para este ser restaurado nesta Terra e, na Eternidade, aquando da segunda vinda de Cristo. A carta de Amós é também condicional, exaltando a liberdade que Deus dá a todos como a oportunidade, que nunca se deveria perder.
- ORGULHO, QUEDA E, RESTAURAÇÃO EM OBADIAS
Israel tinha de saber decidir pelo tipo de alianças que estava fazendo, com as outras nações. Onde estava a segurança no meio até de nações irmãs como Edom? Deus com o exemplo de Edom, demonstrava que ninguém estava acima da aliança de Deus com o seu povo, mas este também não se podia justificar com a mesma para ser injusto no seu interior e, ao mesmo tempo aceitando o que se passava com a crueldade dos outros povos para com os seus vizinhos.
O livro de Obadias até ao versículo 16 evidencia a sentença que Edom escolhera (verso 15), ao rejeitar a Deus com a sua maldade e orgulho contra Israel, descendente de Jacó. A partir do versículo 17 destaca-se a mensagem de libertação do povo de Deus, incluindo a Edom, no seu reino futuro. O exemplo de Edom, demonstra que não é importante, o que as anteriores gerações decidiram em relação a Deus. Embora sendo da mesma família, o importante é o que cada um decide, em atenção às criações constantes de Deus, que são reveladas pelas suas testemunhas. As testemunhas permanecem com Deus, enquanto os que rejeitam a Cristo escolhem a sua própria inexistência. Embora Petra (capital de edom) fosse aparentemente inexpugnável, a palavra de Deus dizia ao contrário. Para a palavra de Deus, a eternidade tinha a ver com a interiorização que qualquer ser humano faz das suas palavras, em conjunto com o seu Espírito, ou o Messias. No fundamental, o importante tem a ver com o que se faz com Deus em tudo e, com todos.