- A LIBERDADE DO CASAMENTO
Na criação o casamento não é um dado adquirido. Com Deus, houve um momento de reflexão dado a Adão, em que este, perante a natureza e a própria Divindade, considerou, não só perante o Universo, mas sozinho, a semelhança, a diferença e, a contínua criação. O futuro no casamento perante o evento da criação, só existe se houver produção e reprodução, a começar na sua própria espécie. Como é que um ser se projecta no futuro? Estar sózinho, sem qualquer tipo de diversidade?
Perante Adão, no acto da criação, conforme a Bíblia, a reflexão dada por Deus atinge o grau de liberdade, que está inerente ao casamento. Ou seja, o casamento é também uma escolha, em que o ser decide se quer ter alguém, diferente e semelhante, que permita o desenvolvimento de diversidades, em todos os níveis da criatura de Deus. Mas será que isso não é independente de Deus?
- DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS COM DEUS
A criação de um ser feminino a partir do masculino, revela que Deus tem de estar no meio do casal, para que esse tipo de relacionamento perdure. Há na criação do casamento, a semelhança e ao mesmo tempo a diferença, que permite a existência de novas criaturas. Isto significa que neste relacionamento entre seres, a característica essencial, é a contínua criação de todos os níveis criados, tendo como expoente máximo a formação e desenvolvimento de diversas criaturas.
A criação do homem directamente da terra, do pó e do nada do universo, torna-o íntimo a estes elementos com Deus, mas não o capacita a ter continuidade, sem a Eva que lhe proporciona a possibilidade a partir de si próprio, a que tal aconteça. É com estas capacidades inatas de ligação ao desconhecido e, à continuidade de Deus, que acontece a criação no seio familiar, mas que se extremaram com a rejeição para com Cristo e, que pela redenção se virá de novo a continuar pelo caminho eterno e infinito da divindade.
- CASAMENTOS IDEAIS?
Quais são as características de um casamento ideal? A principal é a presença do próprio Deus. Mas como é que isso acontece em termos gerais? Ou seja como é que um casamento dura?
Essencialmente o segredo, parece estar na arte e no engenho de se manter uma união. Tal como acontece na Divindade Triúna, a união só se mantém se houver, o amor a verdade e, a vida proveniente do próprio Deus. A principal característica é o amor, em que o ser se põe no lugar do outro e, dá-se para que o parceiro se transforme à imagem e semelhança, do que se testemunha de Deus. Não deixa de ser quem é, mas o facto de deixar “o pai e a mãe” (conforme diz Cristo nos evangelhos) e, de se juntar a outro ser, trás novidades para consigo, mas não deixa de ser quem é. Há aqui um factor existencial em causa, que só tem sustentação no companheirismo com Cristo, para com o outro, no desconhecido da eternidade e infinito de Deus, que se vai tornando cada vez mais conhecido. Assim, este tipo de união, que não persiste só por se ver, o que outro faz, mas por ter sido criado por Deus, só dura se Cristo estiver no meio. A questão das verdades e dos nomes, se associam às aceitações do amor, permitindo a proficuidade da vida individualmente, no seu conjunto e, nos outros elementos e novos seres que aparecerão. A plenitude começa a acontecer, com o sentido da unicidade do outro. O aprofundamento dos relacionamentos, são o desafio constante para com alguém, tão humano como o outro, ou não haverá aqui o tal mistério que o apóstolo Paulo se refere e, que está em Cristo? Ou seja, o humano é limitado, ou não há uma forma de ser ilimitado? Em suma o casamento, mantém constante sob outras formas, as características da liberdade e da criação em Cristo, com quem foi originado e, testemunhado na eternidade de Deus, que se põe à disposição dos seres criados. E, quando aparece o pecado pela frente, em que se rejeita a presença de Cristo, o que acontecerá? Haverá soluções?
- CASAMENTOS NO MEIO DESTE MUNDO COM CONFLITOS E PECADOS
Perante as várias perspectivas do casamento, o ser humano opta na grande maioria das vezes, pelas suas preferências, não permitindo que Cristo esteja no meio desse relacionamento. Assim, o casamento é o conjunto das escolhas entre dois seres de sexos e sexualidades diferentes, que decidem no dia a dia, entre os resultados do pecado e, as oportunidades que há em Cristo. Essas oportunidades, têm no perdão e amor de Cristo a capacidade de permitir de novo, o ideal do contínuo relacionamento na verdade e criação contínua do casamento. Desta forma, o casamento não é só um projecto do casal e dos filhos que em plena harmonia vivem a felicidade, mas é acima de tudo o testemunho de um relacionamento, que começa no seu interior e, se expande para a igreja e mundo.
As perspectivas para lidar com as diferenças entre os homens e mulheres, vão desde a violência, até à diplomacia hipócrita, em que à custa de uma revolução feminina justificada pela opressão masculina, se esconde o domínio feminino. As questões pertinentes que se levantam no meio do mundo cristão são as seguintes: até onde, ou que tipo de domínio haverá, em relação ao género? Manter-se-à vigente as regras apontadas por Deus, em relação ao sexo masculino e feminino? Desistirá o homem, das suas características definidas por Deus? Ou poderá a mulher adaptar as características do homem e, tornar-se ela própria detentora das bênçãos designadas para o homem? Vai-se ao encontro de uma igreja sem sexos e, sem sexualidades? Não viria Cristo, sob forma de mulher, se tivesse que vir hoje em dia? Ou não se terão que definir, outros critérios masculinos, que tornem importante o equilíbrio entre homem e mulher? Será que o conflito, subjacente ao desequilíbrio que se originou no pecado, se amenizou após a primeira vinda de Cristo, após este ter mostrado, o disparate das inferioridades e superioridades, ao invés das complementaridades definidas na criação? Ou não será que se caminha para uma troca de superioridade, em que a mulher devido ao seu número, se prepara para dominar o homem, contrariando também desta forma a palavra de Deus?
Seja como for a solução é só uma e, é apontada de forma clara por Jesus Cristo, quando refere que “deixe o homem a sua mãe e pai e forme um corpo com a sua mulher”. Isto, foi o designado, pelo Salvador da humanidade. Não é o anterior que é o mais importante, ou seja, não são as ideias cristalizadas que a sociedade criou e que às vezes tem misturadas algumas ideias provenientes do criador. O importante nas palavras de Jesus é o que Deus criou, para que se continuasse a criar no futuro, com o objectivo da união entre o homem e a mulher por Cristo, que trouxesse harmonia à própria igreja e sociedade no contexto de conflito e pecado. Assim, há um princípio fundamental, que desafia o ser humano (homem ou mulher): as criações contínuas de Deus, nunca são um desmancho, ou aborto ao que já se criou, mas antes são uma continuidade da liberdade criativa. Não se opte jamais, por se “criar” algo contrário ao que foi já criado por Deus, porque o o que é “anti-humanodivino”, tarde ou cedo, desfaz-se em nada. A questão do divórcio, como era vivida pelos judeus e defendida por sábios doutores, como julgando algo provindo para ficar, foi apontado nas palavras de Cristo, como não passando de um remendo mal sucedido. Este remendo, não substitui uma nova criação de ideias e actividades espirituais, que considera a união em Deus como a base do casamento, através da capacidade criacional no sacrifício e vida de Jesus.
- RELAÇÕES SEMELHANTES AO CASAMENTO
Então a que se pode comparar o casamento? À própria relação de Cristo com a sua igreja. As parábolas de Cristo são excelentes lições sobre esta semelhança. Mas qual será o ponto mais importante de um relacionamento espiritual, que orienta todos os outros relacionamentos humanos, em que se destaca o casamento? Há alguém, em quem todo o processo de relacionamento se inicia. Esse alguém é a fonte, ou no caso do casamento, será aquele que se liga mais à fonte. E aqui, para além da disponibilidade e, continuidade, há o ponto mais crítico: quem se arrisca no desconhecido de Deus, conhecendo-o ao mesmo tempo? A quem Deus quer convidar! O homem é “homem” no casamento, não porque ele o quis, mas porque Deus o convidou a ser, considerando na sua eternidade divina todos os níveis estruturais e, funcionais do ser humano. E se tal não é aceite por este, a mulher pode querer. No entanto, esta excepção, não se tem revelado a regra nos relacionamentos espirituais por Deus. Isto seria como quase dizer que Cristo, um dia se transformaria ás vezes em mulher, ou ao homem seria permitido se travestizar-se em mulher, ou vice-versa.
A questão que neste momento se tem posto enfaticamente nos relacionamentos dentro da Igreja, como expressão do que se passa no casamento, têm a ver com as estruturas, papeis e status, que são desempenhados por pessoas de sexos diferentes, devido a dois problemas que o pecado escancarou contra a humanidade como uma caixa de pandora e, que esta abraçou quando rejeitou a Deus, que são o da igualdade e, o da diferença.
Os judeus na altura da primeira vinda perguntavam a Cristo, de quem seria a mulher após se ter casado 7 vezes. Cristo respondeu, que isso não era o importante, porque tanto homens como mulheres, seriam como os anjos, em relação a estes assuntos. O salvador, abre assim a porta a outras descobertas, que estruturam e funcionalizam as dinâmicas sócio-espirituais, que estão à disposição por Cristo no desconhecido eterno e infinito de Deus, para ultrapassarem problemas deste género. Como é que se descobrem as ditas? Começando por ser criador com Cristo, em relação à sua própria família e, por acréscimo à Igreja, à sociedade e, ao Universo. A criação na família, tal como na Igreja não são ilhas de pequenas criações, separadas por oceanos de lágrimas de sofrimento, que estejam em tempestades constantes, para tragarem quem quer que seja para o fundo, mas também não são avestruzes que enfiam a cabeça na areia para ignorarem, ou para se esconderem do problema. Pelo contrário, a criação na família, são agregados que cada vez mais se juntam num todo pleno e harmonioso em Jesus Cristo, em constante crescimento.