- AS PERGUNTAS DO CRENTE EM HABACUQUE
Os crentes na maioria das vezes, não questionam a Deus por negligente conselho das hierarquias eclesiásticas. Em Habacuque é evidenciado, que o crente questiona sempre a Deus, mas não o faz de maneira leviana. Habacuque ao questionar a Deus, fá-lo sob a inspiração divina. Então, significa, que Deus questiona-se a si mesmo, através das suas criaturas. Ou seja, as perguntas de Deus, são as suas criaturas, que revelam na liberdade divina, as questões de cada uma das suas partes finitas à procura do infinito e da eternidade, ou seja questionam-se as criações gloriosas, procurando novas, eternas, harmoniosas e infinitas diversidades do Divino Triúno.
Habacuque já vira, que da parte do povo de Deus, não havia nada que o pudesse salvar. A questão levantava-se agora de forma pertinente: como é que Deus vai salvar o ser humano? Que tipo de criação Deus fará para o caso de Israel?
- AS INJUSTIÇAS EM JUDÁ E OS JUÍZOS DE DEUS
A primeira pergunta de Habacuque tem a ver com o que Deus faria com Israel, considerando a sua rejeição para com a Divindade. Habacuque não faz ideia, da relação que existe entre o seu sofrimento e o de Deus. O sofrimento de Habacuque era o sofrimento de Deus em muita pequena escala. Deus sofria por sentir o sofrimento e a morte humana, que resulta na sua essência por rejeitar na liberdade o seu criador, o seu próximo e, o universo. Deus revelou-lhe que a Babilónia subjugaria a Israel. No essencial, Deus permitiu que Israel, fosse subjugado pelos valores que o povo tanto admirava no mundo. Em termos práticos, Babilónia representava, o que Israel desejava ser, mas ao mesmo tempo o que aceitara ser de acordo com Deus. Embora seja custoso de aceitar, mas Babilónia, através do seu rei Nabucodonossor, correspondia mais a Deus do que Israel. Não esquecer que esta nação cosmopolita e, de muitos deuses, teve um tempo em que o próprio rei se converteu a Jeová. Habacuque compreendeu isso? De maneira alguma! Para o profeta, a questão que se impunha era: como seria possível, que Deus permitisse tal tipo de juízo para com Israel? Habacuque estava fixo a uma promessa e aliança e, mesmo perante os factos de rejeição para com Deus, não conseguia destrinçar, que esta relação era e, sempre será condicional.
- O JUÍZO DE BABILÓNIA
De forma paciente, Deus revelou a Habacuque, que tal como acontecera com Israel, assim Babilónia seria ajuizada pelos seus actos, sendo conquistada pelo novo poder da Medo e Pérsia. Mudara Deus de padrão de Juízo? De maneira alguma! O juízo de Deus, é a execução daquilo que o homem escolhe no seu relacionamento para com Deus, considerando o que o indivíduo conhece da Divindade. Isto é, à medida que Deus se vai aproximando, os seres humanos, vão escolhendo entre o continuar a conhecer cada vez mais a Divindade, ou autodestruindo-se. Isto significa, que tanto Israel, como a Babilónia, não só escolheram fazer a vontade de Deus no início, como também decidiram abandona-lo, nos seus vícios e crueldades, agindo contra a sua lei, as suas verdades e, principalmente misericórdia. A história humana, pode-se ver sob muitas perspectivas, mas a principal é aquela, em que a sua existência depende do que faz a sua liberdade, perante as criações constantes de Deus Triúno.
- O SILÊNCIO DO MUNDO PERANTE A GLÓRIA DE DEUS
Após a descrição do juízo profético, tanto para Israel como para Babilónia, o profeta repara que lhe escapa algo, que não consegue explicar. Seja como for, o tempo de perguntas esgotou-se e agora é a vez de Deus falar. Assim no início do capítulo 3 o profeta, refere este momento como “Cale-se toda a Terra! O Senhor está no seu templo”. Engana-se quem pega neste versículo, para dizer que Deus não permite, que as pessoas questionem a Divindade. Bem pelo contrário, Deus quer o diálogo, mas quando o ser humano fala, a Divindade escuta-o e, vice-versa. Mas, o que é que Deus vai revelar a seguir? Essencialmente a sua glória, que se estende à interiorização e, exteriorização humana exemplificada em Cristo e, que está à disposição do ser humano no quotidiano e, na eternidade.
- O LOUVOR DO PROFETA
O capítulo 3 pode-se dividir em três partes, mas no geral o que se descreve é o juízo de Deus. Portanto, o grande problema de Israel, que é demonstrado na procura de explicações do profeta, tem a ver como Deus julga o mundo em particular e, em geral o Universo. Aliás, há os seguintes momentos de silêncio importantes:
- O primeiro quando se inicia a criação.
- O segundo quando o ser humano pecou e, Cristo anunciou um encontro entre a Divindade Triúna, para se decidir o que fazer com esta situação perante o Universo. Como um raio, o universo entrou em expectativa silenciosa perante o encontro profundo na Trindade Triúna e, que terminou com o anúncio de Cristo sobre o seu sacrifício em prol do ser humano. O próprio Deus criador, se fazia criatura
- O terceiro quando numa noite calma, o silêncio de um mundo em desagregação, foi quebrado pelo bebé mais querido de todos: Jesus Cristo feito humano.
- O quarto quando a voz de um inocente aceitou a morte expiatória de Deus pela humanidade.
- O quinto quando na tumba a voz de um anjo cortou a morte do filho de Deus.
- O sexto que acontecerá, antes da segunda vinda de Cristo dar-se-á, quando no Santuário celeste, que é o próprio trono de Deus, Jesus tirar as suas vestes de advogado e, declarar que o processo da justificação e santificação pela fé, acaba e, que a partir daí o ser humano deixa de ter o apoio da misericórdia para se arrepender e ser transformado à imagem de Cristo. Aí entra-se no processo de execução do juízo, que consiste em executar o que o ser humano escolheu de Deus: ou a sua eterna companhia, ou a morte e inexistência.
- O sétimo acontecerá quando o séquito celestial acompanhar a Cristo na sua segunda vinda para vir buscar o seu povo, quando se dará a primeira ressurreição.
- O oitavo dar-se-á, quando após os 1000 anos e, a descida da Nova Jerusalém e ressurreição dos que não aceitaram a Cristo. O momento do silêncio acontecerá quando, estiverem frente a frente de um lado, todos os ressurectos que escolheram morrer em companhia com Satanás e, do outro lado Cristo e os ressuscitados pela fé no Filho de Deus na Nova Jerusalém. Será a partir deste silêncio, que Cristo concretizará a morte para os que escolheram morrer e, a vida eterna para os que decidiram por Ele viver para sempre na Nova Terra, que será criada no final de todo este processo.
A primeira parte deste capítulo pode-se evidenciar as características de Deus e as suas actuações no juízo, em Cristo, que foram descritas no parágrafo anterior.
Na segunda e terceira parte o profeta, faz a declaração tão conhecida, que vem em Hab. 3:17-18: «Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado;
Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação.”. Termina com o versículo 19: «O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas.”(Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda). No fundo o profeta está a evidenciar, que Deus constantemente actua com o binómio criação / juízo e, que este vai sempre aumentando de intensidade, à medida que se vai aproximando do ser humano, para que se concretize definitivamente a sua visibilidade e, presença sem limites de liberdade para com o homem e, Universo. Então, os relacionamentos entre Deus e o ser humano, nunca podem ser somente entendidos numa só perspectiva, mas pelo menos em duas, ou mais perspectivas. Outras das perspectivas, são a felicidade, a interiorização e, a exteriorização do próprio Deus, no ser humano. Como tal aconteceu em Cristo, acontecerá também em qualquer ser humano. Habacuque procurou a sua felicidade com Deus e, com o remanescente do seu povo, sendo pelos vistos bem sucedido em Cristo.
O conhecimento acerca de Deus, traz a felicidade ao ser humano, porque desconhecemos e conhecemos em ciclos constantes e, progressivos a Divindade, que se evidencia em todas as áreas. Isso é a grande vantagem e felicidade em termos eternos. Ou seja, o que se decide e, se faz ao conhecimento de Deus é, o que resulta em termos de vida, ou de sofrimento, ou de morte. Conta-se a história de um general, que perante dois povos, perguntavam-lhe, quem ganharia a guerra. O general olhou para um lado e outro, em que se daria o conflito e, questionou, não as armas, mas o que os dois povos pensavam e acreditavam. Após, conhece-los, este general apontou o dedo ao povo que mais tarde venceu a guerra. Os povos não vencem os outros pela sua força, mas porque Deus está, ou não ao seu lado, que é principalmente expresso pela sua fé.