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MALAQUIAS E OS PROBLEMAS INTERNOS COM A FALTA DE FUTURO E, DE DESAFIOS ESPIRITUAIS NO POVO DE DEUS

01-07-2013 21:39
  1. RESUMO DA MENSAGEM DO LIVRO DE MALAQUIAS

 

Malaquias (que significa “o meu mensageiro”) parece provável que tenha exercido a actividade de profeta, após a reconstrução do templo de Jerusalém, após o ano 516 a.C., quando as cerimónias de culto no Santuário já estavam regularizadas. É provável que Malaquias fosse contemporâneo de Ageu, Zacarias, Esdras e Neemias.

 

Neste livro há uma discussão directa, em que o profeta responde com palavras provindas de Deus. São feitas advertências a actos reprováveis, que vão contra os mandamentos, ou seja contra o próprio Deus. Os crentes apresentam as suas justificações e perguntas. Deus confirma o que já tinha referido anteriormente e, reforça com intervenções mais intensas no presente e, no futuro. Em suma, este livro, vem mostrar que a igreja, ou o povo de Deus estava em crise interna na adoração no santuário, na mordomia, na família e, no testemunho externo, no contexto do quotidiano, que abrangesse também a eternidade. Qual era o problema? Não havia a centralização espiritual individual e colectiva do povo para com o salvador, que daria poder para o testemunho no exterior e, no quotidiano, com vista à eternidade. O povo de Deus cristalizou-se, enquistou-se nos actos indicados por Deus, formalizou as cerimônias e, autoidolatrou-se no dia a dia, numa hipocrisia religiosa, que originou a situação espiritual no tempo de Cristo. O resultado seria a sua própria destruição, a não ser que aceitasse a Cristo, revelado na Santuário de Deus.

O mais específico neste livro de Malaquias, está no tipo de resolução preconizada em termos gerais. As soluções dadas por Deus ao longo do tempo, só podem ser detectadas e aplicadas, se constantemente no quotidiano, forem encontradas as intervenções salvadoras em sequência e progressão, para o futuro eterno de Deus. As soluções proféticas são para se aplicar no tempo determinado, mas tal só acontecerá na generalidade, se também forem aplicadas as anteriores até elas, mais especificamente no dia a dia. Há uma reciprocidade de soluções aplicadas temporalmente com a eternidade de Deus, ou seja, o futuro resolve-se com o presente e passado e, vice-versa. As soluções, para além de resolverem os problemas em si, também resolvem a situação no seu todo e, vêm solucionar as contrafacções, desvios e, conflitos para com os anteriores actos de Deus, que o ser humano distorce constantemente na sua vida e, na do próximo. Com Cristo, o vazio deixa de ser uma realidade, para haver a paz e a felicidade de Deus, que desafia o crente para a participação da vida criadora e incessante de Cristo no dia a dia e, no Universo.

 

Há três aspectos a evidenciar nos profetas menores (ou também conhecidos pelo “Livro dos doze”) e, que são:

  1. Os problemas do povo de Deus, no contexto em que se encontravam, com as suas causas. As advertências nesta parte são a parte mais evidente.
  2. As soluções em Cristo preconizadas por Deus, que abrangem não somente o passado e, o presente, mas também o futuro e, a totalidade dos problemas no ser humano multifacetado (conjugando a visão holística com a específica). As resoluções proféticas, que não atendem somente o povo de então, mas são uma continuidade em direcção às liberdades da criação, do infinito e eterno do Deus criador no seu povo e Universo.
  3. A aplicação (ou não) das advertências e das soluções, aos casos concretos de cada situação, em que o indivíduo, ou o povo de Deus vive no presente. Nesta aplicação, considera-se sempre o incessante relacionamento do ser do Deus Triúno em si e, a liberdade da sua criação em direcção ao ser humano, grupo, sociedade e universo, no seu todo pluridimensional, em transformação eterna, definitiva e infinita, incessantemente disponível nas vindas, nos encontros, nas interiorizações e, exteriorizações (ou testemunho) de Jesus Cristo.

 

O livro pode ser dividido nas seguintes partes:

  • O amor de Deus por Jacó e, a falta de resposta por parte do povo (1:1-5).
  • A repreensão de Deus aos sacerdotes, que com a sua negligência permitiam a prática de abuso e, de pecados nas cerimónias no próprio templo (ao apresentarem ofertas imundas), desonrando o nome de Deus e, convertendo-se em pedras de tropeço, em vez de serem líderes espirituais, segundo os critérios e, as características de Deus (1:6-2:9).
  • A advertência aos crentes que rejeitavam as esposas e o matrimónio, juntando-se a estrangeiras (2:10-16).
  • A aproximação do dia de Juízo para todos, mas principalmente para os que exerciam feitiçaria, impureza, opressão e, os que honravam os pecadores. Há a promessa da vinda do mensageiro da aliança, que é visto como sendo João Baptista, para preparar a primeira vinda de Cristo, que é referenciado também como o que vem “de repente para o templo” e, que vai “purificar os filhos de Levi” (2:17-3:5).
  • O roubo dos dízimos, as fraudes e, a inexistência de dádivas por parte dos crentes. É prometido um derramamento de uma grande bênção, se os crentes seguissem as promessas de Deus e se voltassem para o seu Salvador (3:6-12).
  • As diferenças entre o mau e o justo e, a justificação da impiedade como é visto aos olhos de Deus. São feitas promessas aos santos, na sua conversão em tesouro especial de Deus. Há também a promessa do amanhecer de um novo dia, no qual a justiça triunfará, assim como o aparecimento de um reformador espiritual antes da vinda do Dia do Senhor (4:1-6).

 

  1. A GRANDIOSA PERFEIÇÃO DE DEUS EM CRISTO

 

O problema que se punha em primeiro, como vem descrito em Malaquias 1, tinha a ver com a rejeição dos sacerdotes ao amor infinito, criativo e perfeito de Deus, para com o seu povo. Essa rejeição resultava, nos actos dos sacerdotes, em aceitarem nas cerimônias do santuário, só sacrifícios de animais defeituosos. Os animais usados, deveriam simbolizar o sacrifício puro, criador e, infinito do Filho de Deus Jesus Cristo, em prol do ser humano. Os sacerdotes representavam, tal como Cristo, a Deus eterno e infinito no seu nome, carácter, vontade, poder e, os seres humanos na sua aceitação para com o seu salvador. Em Malaquias, a advertência vai principalmente para os sacerdotes, por distorcerem a perfeição de todo este relacionamento espiritual redentor, que para mais, no seu cerimonialismo de sacrifício perfeito, havia sido definido em Lev.1:1-3 e, 22:19.

 

Estava-se a pôr em questão a aceitação e, a procura da perfeição, como aconteceu entre Jesus e Abrão (ver Génesis 17:1) e, como sucede com os convites de Cristo (S. Mateus 5:48; 19:21 e, 21:16) a todos os indivíduos. É notório, que Deus neste âmbito, chama a atenção, sobre o interesse próprio de cada um, ao comparar-se as interacções do crente, ou dos cidadãos, com outros indivíduos. Não se querendo comparar, mas servindo de definição e, de início de relacionamento, a perfeição é vista nestas comparações, não somente como um estado, mas acima de tudo, é percepcionada como uma dinâmica, que engloba todas as vertentes da vida, no sentido da progressão dos relacionamentos eternos (incessantes) e, infinitos com Deus. Falsear todo este processo, é como querer separar-se de Deus e, escolher a morte perante o juízo de Deus. Em suma, um autêntico desperdício sem necessidade, a não ser por se optar por arrogância contra Deus. O profeta com Deus, opta por corrigir este género de crente, mostrando as gritantes contradições hipócritas, que corroem os relacionamentos espirituais, que descambam na escolha em liberdade da autodestruição de vidas humanas no juízo final.

 

Nesta primeira parte de Malaquias, destacam-se as características do Deus Triúno, que se vai adorar e, que é visível na perfeição de Cristo nas sucessivas vindas e, encontros com o ser humano. Deus é perfeito e, a questão que o profeta aborda tem a ver com a misericórdia expressa na vida, morte e, ressurreição de Cristo, que possibilita a transformação diária, com vista à constante perfeição, no sentido da eternidade e, do infinito. Distorcer este tipo de relacionamento com auto-idólatras formalidades hipócritas, é preferir separar-se de Deus e, aceitar morrer para sempre no aperfeiçoamento religioso humano.

 

  1. O CASAMENTO E AS RELAÇÕES NA DIVINDADE TRIÚNA

 

Em Malaquias 2 a questão que aparece em destaque, tem a ver com a criatividade do casamento, que é rejeitada e substituída por preferências, que destacam o prazer sexual e, a satisfação de outros sentidos. O casamento é definido na Bíblia, ou seja, por Deus, como sua criação e santa aliança (Gên 2:24, Ef 5:21-33, S. Mateus 19:5 e, S. Marcos 10:7). Durante o Êxodo foram definidas as condições para o divórcio e, uma das formas de o evitar (Josué 23:12-13 e Deut. 24:1-4). S. Paulo mais tarde vem referir em I Coríntios 7, que o divórcio se justificaria para casos irreconciliáveis (em que não se voltariam a casar), ou em casos de adultério, em que a parte sem culpa ficaria livre para se casar de novo. O divórcio, nunca foi visto como uma rampa para novos casamentos, assim como o casamento não é uma realização de intimidades por rejeição dos pares anteriores, para se aceitarem pares de qualquer tipo de sexo, ou por pares de idade e desenvolvimento inferior. E porquê? Porque o casamento foi criado como a semelhança de relacionamentos no Deus Triúno, ou seja, existe para seres que interagirão eternamente na intimidade com a Divindade, na união e exclusividade da igualdade entre pares e, ao mesmo tempo na liberdade de novas criações entre as diversidades apontadas pela Divindade (como o sexo). O ser homem e mulher perante Deus (com conhecimento e vontade de se casarem), são os únicos critérios estruturais e funcionais para o casamento, que abrem portas para a criação da família (em que se respeitam o equilíbrio e liberdade de escolha entre sexos diferentes, devido à representação igualitária no seio familiar) e, da sociedade. Ao contrário de desvirtuamentos, em que se rejeita o ser homem e mulher, Cristo refere que na eternidade, o casamento segue o caminho do seu aprofundamento, em outros parâmetros (veja-se S. Mateus 22:30 e S. Lucas 20:35), que o dignificarão cada vez mais o ser homem e mulher no amor, na verdade e na vida de Deus. Em termos muito básicos o casamento, não fica somente e constantemente só por algumas etapas, mas continua no caminho da santificação, em que os cônjuges se apoiam, para que em conjunto com Cristo se desenvolverem nas liberdades definitivas dos anjos, com a qual Deus lidou de forma magnífica, aquando do conflito nos céus entre Cristo e Satanás.

 

Em resumo, para Malaquias o casamento, é o padrão de parceria na Terra que melhor representa o relacionamento na Divindade Triúna e, a relação de Deus para com os seres humanos, em que a criação, a diversidade (com sexos diferentes) é o ponto mais importante. Deus se relaciona entre os seres humanos, a partir da célula base do ser humano, que é o casamento. A estrutura diversa do casamento foi definida na criação por Deus e, o seu funcionamento a três (homem, mulher e Deus), originará constantemente a criação da diversidade humana. O casamento com Deus gera também, a construção da sociedade humana, na definitividade eterna e universal. Assim, o casamento, para além de se criarem novas vidas, é também a instituição, ou o grupo a partir do qual os indivíduos, se devem relacionar uns com os outros como crentes ou, cidadãos, ou como seres universais, partilhando a Cristo.

 

  1. O DÍZIMO COM DEUS

 

No capítulo 3:8-12, é abordado o dízimo de uma forma simples, mas profunda e progressiva. O que é o dízimo? É o exercício da mordomia, com bens, ou recursos, em conjugação com a temperança. Ou seja, ao dar-se a décima parte do total que se aceitou, estão-se a reconhecer direitos e deveres bons, de acordo com o espírito temperante, que distingue entre o bem e o mal. O principal dever é o de aceitar do criador, a sugestão de dar 10% para sustento da sua obra. Ou seja, Deus criou e deu ao ser humano tudo o que lhe possibilita a existência e, ao mesmo tempo fornece-lhe aquilo que cada indivíduo consegue ultrapassar para além do mínimo e, pede em troca (que expressa o dever) o reconhecimento total da sua vida, que se manifesta em 10% do que recebe. Surge à partida neste relacionamento, 4 aspectos importantes que são:

  1. Quais são as dádivas materiais e imateriais, que provêm do amor de Deus, devido à vida, à morte de cruz e, à ressurreição de Cristo?
  2. O que se considera ser a obra de Cristo na terra? A Igreja? Fazer o bem ao próximo?
  3. Que garantias existem, de que o dízimo é aplicado devidamente tanto a nível do dador como dos receptores, conforme a vontade de Deus?
  4. O que se considera a progressão espiritual, material e imaterial, no relacionamento à volta do dízimo?

 

Em Malaquias começou-se por abordar, em relação ao sistema do Santuário a sua corrupção, para que as dádivas de Deus chegassem aos crentes e, ao mesmo tempo para que houvesse credibilidade espiritual por parte dos sacerdotes. Em relação ao casamento, também houve o cuidado, da parte do profeta, para que a economia familiar, através de um relacionamento conjugal criado por Deus, permitisse a possibilidade de se dar o dízimo. Só percebendo a situação no seu todo e, o seu alcance no futuro, é que se consegue resolver os problemas um por um, com o sentido do eterno e, do todo no seu conjunto. Isto significa, que o dízimo não se converte em problema só por si, ou seja, há sempre outros problemas a acompanha-lo e, a sua resolução engloba também soluções de conjunto.

 

Os aspectos mais importantes para a solução dos problemas com o dízimo são:

  1. Não dar o dízimo, é um roubo a Deus, ou seja é pecado.
  2. Quem dá o dízimo, será abençoado por Deus.
  3. Quem dá o dízimo será protegido nos seus bens e na sua vida.
  4. O dízimo é um testemunho da felicidade do ser humano com Deus.

 

Malaquias evidencia, que há vários níveis e perspectivas para o dízimo, destacando que este tipo de relacionamento, está sempre numa sequência progressiva. Seja como for, este profeta vai desde o relacionamento minimalista, que passa pela reciprocidade e, poder, até ao máximo, que é a felicidade humana na eternidade de Deus. Isto significa, que nestes 4 passos se podem perspectivar os passos do arrependimento, justificação, santificação e glória, assim como se pode distinguir a prosperidade, a vitória sobre a adversidade, ou conflito e, o testemunho diário e, eterno com Cristo nesta vida e, na Nova Terra. O dízimo não é uma devolução, é a semente que Deus dá, para que se volte a semear e, se consiga colher cada vez mais recursos provindos da capacidade de criação de Deus, a que o ser humano pode escolher em liberdade. Se fosse somente uma devolução, não haveria o sentido de plena liberdade e, amor. Os institucionalistas por vezes, usam estas definições de “devolução”, para garantir a execução deste acto de dar o dízimo. Terá este conceito algum efeito espiritual? Que cada um responda, com o seu testemunho em Deus.

 

Em resumo, o dízimo não é só entregar o dinheiro na igreja, para se respirar de alívio perante um deus cobrador, ou como auto justificação ao tinir das moedas, perante a assembleia reunida. O Dízimo significa a fonte que é Deus e, ao mesmo tempo a sua incessante prosperidade como criador do imaterial e, do material no Universo. No ser humano, significa as dádivas materiais providenciadas por Deus (não para devolver), que em liberdade são dadas pelo crente como testemunho da sua fonte em Cristo e, também como uma procura de contínua prosperidade material, ligada ao espiritual. Isto significa, que dar o Dízimo, também se geram bênçãos, protecção e felicidade eterna no seu testemunho. Se estas últimas três promessas não acontecem, é porque há algo de errado neste relacionamento, em que muitas vezes tem a ver com a falta de instrução por parte dos outros crentes, ou dos líderes para com o dador (ver Gál. 6:6), ou devem-se aos problemas apontados por Malaquias (perfeição, casamento, resolução de conflitos e, o juízo).

 

  1. A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS E, AS CRIAÇÕES ETERNAS DE DEUS EM CRISTO E NOS CRENTES

 

Em Malaquias 3:13-18, é descrito a diferença entre o mal e o bem. Ou seja, o que leva o homem a escolher o bem, ou o mal? Se o bem e o mal, fossem avaliados, considerando somente o presente da sua prática, a melhor justificação, parece beneficiar mais os que praticam o mal, por inexistir à priori as consequências. Mas será, que o relacionamento com Deus, só se pode ver em termos de consequências, responsabilidades, ou reciprocidades? Não será que o espiritual, vai para além das consequências e recompensas? Ou seja, não será que no relacionamento com Deus, se engloba também os resultados?

 

A escolha entre o mal e o bem, depende de qual é o exercício para se prevalecer eternamente. Mas entre os dois, não há capacidade inerente, para se manterem, só dependendo do conhecimento entre o bem e o mal e, do ser que é para o bem e, para a união, que é o Deus Criador. Isto significa, que nem a própria liberdade para a criação, consegue salvar quem quer que seja. Ou seja, só prevalece, quem decide estar ao lado do Deus que vive para a sua glória, na qual faz parte a união com a sua criação. Estar contra esse Deus, por ser quem é em Jesus Cristo, na sua constante e incessante criação, significa simplesmente em liberdade, escolher separar-se da eternidade infinita. Em suma, o memorial que Malaquias refere é a constante presença de Deus, para além da fronteira do tempo que é vencida na ressurreição de Cristo, com os crentes que decidiram escolher sempre os novos desafios das incessantes criações da Divindade Triúna.

 

Em resumo, nesta parte o problema apontado em Malaquias, tem a ver com a indiferença com que é encarada a vida humana no conflito entre o bem e o mal. Para o ser humano religiosamente formalista, tanto faz que as pessoas sejam boas, ou más, desde que os seus interesses sejam devidamente acautelados num breve instante, à luz dos seus próprios valores, ou padrões, que se consideram os mais certos, sem olhar o futuro, ou a eternidade. Na maior parte das vezes, o mal parece vencer o bem, ou pelo menos, parece ser mais lucrativo. Há nesta perspectiva, a rejeição total da verdade e do amor no futuro, nem que seja, na parte mínima do que diga respeito às suas consequências. Isto, para não falar do essencial, que é a visualização do criador, nas suas contínuas e incessantes criações no homem, ou no seu universo. A diferença entre o bem e o mal, faz-se na escolha e constante criação do próprio Deus para com o bem e o caos. No seu ser e actividade constante de criação, Deus diferencia-se de tudo e de todos, caracterizando o amor, a verdade e o bem. O ser humano, no seu relacionamento com o bem e o mal, só consegue vencer o pecado, se estiver ao lado do Deus que prevalece pela sua incessante criação. Ou seja, não é suficiente conhecer somente as consequências, ou as responsabilidades para se diferenciar entre o bem e o mal. É necessário também conhecer e escolher o criador. Mas será que a escolha entre o bem e o mal será eterna? Claro que não! Malaquias a seguir, em resposta a esta pergunta, desenvolve a questão do juízo, que estava a ser mal interpretada entre o povo de Deus.

 

  1. O JUÍZO E, O AMOR DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO NOS SERES HUMANOS

 

Malaquias no capítulo 4 aborda em primeiro, o significado do juízo, em que Cristo criará a Nova Terra, enquanto ao mesmo tempo, devido ao poder e unicidade da criação, desaparecerá o mal e, todos os que preferiram rejeitar a Deus, adorando outros deuses sem capacidade de dar vida, ou de criar. A criação, ou outra escolha que se tomar na vida individual, transforma o ser humano sempre à imagem e semelhança do Sagrado que se adora, em confronto com a capacidade da outra Divindade. Se a adoração foram ídolos sem vida, formados na sua essência por pó (constituintes sem poder de manter  e de fazer funcionar por si uma estrutura), sem capacidade de dar o que quer que fosse, então os seus adoradores se transformarão naquilo que são na essência na sua adoração arrogante (que se fecha à verdade, ao amor e vida nas consequências e presenças do futuro), que é a poeira, o vazio e a inexistência, quando acontece ao mesmo tempo a criação do verdadeiro Deus criador. Repare-se nos versículos 4:1-3: “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o Senhor dos Exércitos.”.

 

Ainda nesta primeira parte destaca-se a característica do povo de Deus, que permite relação de justiça e de eternidade física com Cristo, que é o de “temeis o meu nome”. A pergunta que se evidencia é esta: o que possibilita esta relação de justiça? O que é temer o nome de Deus? De uma forma direta Apoc. 14:6-7 refere o seguinte: “ E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo. Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.”. Também Malaquias dá a solução nos versículos 4:4-5 ao declarar: “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe (Monte Sinai) para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos. Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.”.

 

Há passagens como S.Lucas 16:29-31; 24:27, 44; Actos 26:22; 28:23, em que os crentes se baseando em Moisés e nos profetas, constituem a sua fé, no Filho de Deus, que é Jesus Cristo. Pode-se questionar: qual foi o acontecimento em Horebe, que mais se assemelhou ao juízo? O que constituiu o ponto central da mensagem de Elias? Porquê que Malaquias refere as conversões recíprocas entre filhos e pais? Seja como for, o que se aponta ao longo do tempo, que as pessoas vão interiorizando e testemunhando é o encontro com Cristo, na sua futura e gloriosa segunda e, terceira vinda, em que se executará o que as pessoas escolheram em liberdade definitiva, sobre as criações de Deus, na companhia do seu criador, no relacionamento representado entre Deus Pai e o Filho. No fundo Malaquias no seu estilo peculiar, pode querer dizer, que o relacionamento espiritual de face a face entre o ser humano e Cristo, que acontecerá cada vez mais intensamente na Nova Terra, pode ter começado por uma ligação em que exigia o relacionamento com base no temor a Deus, mas que progredia, ou co-existe com a relação filial visível na vida de Cristo para com o Pai. Assim, Malaquias pode estar a dizer com a inspiração do Espírito Santo, que a base da vitória do povo do Criador, no seu tempo, assim como no além dos séculos e, na eternidade, se baseia essencialmente no amor filial e paternal, que se revela constantemente no viver em liberdade as criações de Deus com Cristo, em cada um para quem o rodeia. Isto significa, que está disponível para a criatura agora, assim como na eternidade, a liberdade do Espírito Santo, que consegue  transformar o ser humano com Cristo, à semelhança do Filho de Deus para com o Pai eterno e, para com o seu próximo e Universo, alternando nas semelhanças e imagens os papéis do Pai, do Filho e, do Espírito Santo.  

 

Em resumo, o povo judeu cada vez mais acreditava, no status quo da situação de Israel e, da própria Terra. Para os religiosos, tudo continuaria como estava. Para Malaquias, inspirado por Deus, o mal desapareceria eternamente, após a segunda vinda de Cristo, que é identificado como o dia do Senhor. A plenitude gloriosa de Deus Triúno, será a incessante criação da verdade, do amor e da vida, na sua infinita e definitiva eternidade no Universo. Em termos individuais, o futuro dependia das escolhas em liberdade, das criações constantes de Deus. Isto significa, que a existência do juízo, não é um acto punitivo, mas simplesmente a escolha humana em relação ao ser, ou não criado constantemente com o Divino, que é revelado em Cristo. Não é somente uma questão de ciência, em que os padrões de repetição são constantes, mas acima de tudo, é uma questão de criação, que ultrapassa o repetido e, se entra na plenitude da glória de Deus. Em suma, o absoluto de Deus ultrapassa tudo e todos, se estes não se deixarem atrair pelas suas inovações constantes e, diversas criações. Malaquias, traça escalas de progressão e desenvolvimento espiritual, considerando os relacionamentos no contexto do juízo e, o conhecimento a que cada um teve de oportunidades providenciadas por Deus. Para o profeta existem quatro níveis, no relacionamento do juízo de Deus para com o ser humano, que são testemunhados no dia a dia no mundo e, que são os seguintes:

  1. O temor (reverencia) a Deus, perante a grandiosidade da criação e do juízo.
  2.  A libertação da escravidão, ou do conflito e, a expiação pelo Cordeiro exaltando a santa lei de Deus, tal como sucedeu com o povo de Israel, quando foram guiados pelo profeta Moisés.
  3. A escolha perante a comparação entre Deus e os ídolos, em relação ao impacto do sacrifício de Jesus e, à destruição provinda da idolatria, tal como aconteceu no tempo de Elias.
  4. O amor espiritual contínuo e incessante, entre Pai e Filho, representado pelo relacionamento paternal e filial de Juízo entre Jesus Cristo (Filho) e Deus Pai.