A FÉ COM IDEIAS E FACTOS

COMENTÁRIOS CRISTÃOS



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TESTEMUNHO E ESTILO DE VIDA - De 8 a 14/12/2012

09-12-2012 12:48

A espritualidade cristã diz respeito a todas as dimensões de vida do indivíduo e, abrange em relação às suas capacidades e recursos ao seu redor, o que a Bíblia designa por: a temperança, a mordomia e, as obras da fé no Espírito para com o próximo e ambiente. Uma das questões, que se põe de forma enfática é a seguinte: como é que o cristão relaciona as palavras de Deus provindas de Cristo que foram aceites na vida do crente (fé), com os comportamentos individuais, grupais e, societais (em que se envolve o que é material, o tempo e, as limitações da natureza e dos recursos que procuram ser ilimitados)?  O cristão considera em primeiro, na vida material e, na grelha temporal, os princípios da temperança, em que se tomam decisões, que levam em conta só o bem dos actos para si e, para os outros, de acordo com o exemplo de Cristo. Ao mesmo tempo, considera também a mordomia, em que compara as vantagens dos ganhos e perdas materiais na eternidade, relacionando esta área com a temperança, para se decidir em liberdade, pela contínua providência criativa de Deus. A temperança e a mordomia, não deveriam ser consideradas independentemente e, conviria esclarecer alguns aspectos neste tipo de relacionamento, em que Cristo cada vez mais é testemunhado a partir de uma interiorização do Espírito no crente. Um dos principais elementos, de acordo com I S. João 3:16, Deut. 8:11-17, S. Mateus 22:39 e, Fil. 2:3-4, é que o relacionamento espiritual cristão nunca é somente um “Dever” do género kantiano (em que só o imperativo do ser garante a aplicação de uma obrigação criada exteriormente e interiormente no ser humano). A mordomia, em pleno contexto de temperança, é acima de tudo a escolha de uma liberdade gerada nas providências de amor de Deus em Cristo e no Espírito, que proporcionam a todas as capacidades do ser humano, a aplicação da sua vida para com o outro, no ambiente que o rodeia. Nunca seria demais enfatizar este aspecto, porque infelizmente em algumas igrejas, quiçá, devido a uma herança medieval ainda vincada no imaginário popular, é costume que se veja as dádivas dos crentes, não como uma resposta e desafio na procura de mais bençãos de Deus, mas pelo contrário, abusa-se para se ver nas dádivas humanas, somente uma obrigação sem reciprocidades e, sem continuidade eterna, privilegiando-se erradamente as trocas a favor do bem estar de alguns elementos, ou em prol da difusão de um ideário doutrinal falso em relação ao carácter e, às acções de um Deus à imagem e semelhança do humano (idolatria). A temperança e mordomia, a partir do contexto individual, espiritual e material, conjuga o que o Espírito proporciona à capacidade humana, em recursos naturais e artificiais, associados a talentos e dons, para em liberdade se combinar com o grupo, comunidade e sociedade. Com todo este conjunto, o cristão entrosa as relações da Igreja,  da família, do trabalho, das instituições de ensino, da amizade, da política, da cidadania, da saúde, do ambiente, do universo, do desporto e, com muitas outras interacções, que possam vir a existir, provindas das múltiplas e eternas criações de Deus.  Em tudo, há que divisar as bençãos de Deus e, a sua aceitação em liberdade pelo crente, onde se proporcionará cada vez mais a presença interior de Cristo com o Espírito e, o seu testemunho para com tudo e todos que rodeiam o cristão, em plena união numa felicidade progressivamente universal e eterna.   Em suma, o cristão não é somente o ser do Espírito, ou o ter de Jesus Cristo, ou a mistificação ilimitada de um eterno estar de um Pai sempre desconhecido e inatingível, mas é principalmente, a humanidade simples da continuidade eterna e infinita do ser e do ter conjugados em Jesus Cristo e no Espírito Santo, em união no todo e, em tudo que o rodeia no Universo do Deus Pai, que se aproxima constantemente e, se dá a conhecer com a partilha interior e, “in loco”, das suas dádivas e encontros. Então, também é caso para perguntar: ficará Deus somente por este tipo de temperança e mordomia? Claro que não, pois no futuro eterno, decerto que dará ainda muito melhores dádivas, à medida que o ser humano em Cristo, vai conhecendo o “Eu sou o que sou” mais em si…